terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Vasos e namoros

Uma vez quando eu era criança fui abrir o armário da minha mãe para pegar um colar dela. Tinha que fazê-lo rápido porque minha mãe chegaria a qualquer momento e ela não podia saber que eu usava as jóias da minha bisavó para brincar de teatrinho no meu quarto.
Teria tudo sido perfeito se o colar não estivesse tão alto e se não estivesse com tanta pressa.. o colar se enroscou num vasinho que caiu... vários cacos se espalharam pelo chão.... e várias lágrimas se espalharam pelo meu rosto.
Eu não chorei porque minha mãe descobriria o que eu estava fazendo, mas porque naquela época eu achava que os objetos podiam ter sentimentos... e aquele vasinho era tão simpático, eu não queria fazê-lo mal! Quando minha mãe chegou eu fui chorando contar para ela... que disse que não tinha problema algum e que eu não precisava chorar daquela forma, mas então eu disse:
- Mamãe, a gente não pode colar?
- Não Marianna! Vaso colado da azar.

Hoje, anos depois, eu me pergunto, se vaso colado dá azar um relacionamento colado teria a mesma sina? Será que podemos colar os caquinhos depois de uma briga feia ou isso será tão inútil quanto teria sido colar os pedacinhos daquele vaso?
Eu não estou falando de fingir que nada aconteceu, não é como se eu quisesse fazer uma pilha com os cacos e jogar uma rosa em cima, mas será que com muito trabalho para remontar o relacionamento ele não pode voltar a ser como antes?
Ou será que não ter um vaso para colar uma rosa colombiana não fará muita diferença porque eu não terei alguém para me dar uma? O inverno chegou mais cedo esse ano e por isso as sementes do meu jardim não irão germinar.... será que a únicas flores que terei serão as de plástico?




OBS: POR QUE MINHA MÃE TINHA UM VASO NO ARMÁRIO?

sábado, 7 de fevereiro de 2009

É isso ai...

É tão difícil de falar sobre isso....mas, não foi tão difícil de passar por isso, nossos atos pareciam ensaiados, nosso desastre não foi um touché , mas sim um cliche.
Nós que antes éramos raio de Sol, tornamo-nos onda quebrada, mas foi assim que evoluímos... se não tivéssemos destruído tudo, não teríamos construído nada, mas acho que ainda sim teríamos dado risadas em noites frias de sábado.
Nós que já fomos a última estrofe do romantismo viramos poesia sem rima... viramos paixão sem taquicardia. Mas, isso não deve nos entristecer... afinal, se Rei Sol se apagou, se até mesmo Roma virou poeira por que achamos que nosso amor não teria o mesmo final? Ilusão ou prepotência? Acho que a nossa prepotencia permitiu que nos iludissemos.
E como foi quando descobrimos que nosso amor havia se tornada uma estátua de sal? Aprendemos a lição com mulher de Ló, então saímos sem olhar para trás...
Curiosamente, as cortinas ainda não se fecharam... será que algo mais está para acontecer? Será que mesmo parecendo impossível, amanhã será um novo dia?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Aplausos

Eu queria saber.... eu queria muito saber a resposta.
Olhei em forma de olhar para tentar induzi-lo a falar. Deixei meu lábios entreabertos para que ele se lembrasse de falar e acima de tudo coloquei meu cabelo atrás da orelha para que não houvesse nenhuma barreira entre meu ouvido e as palavras que ele proferiria.
Lá estava eu pronta para saber e pronta para ouvir, mas lá estava ele, pronto para responder mas não para falar.
Meus ouvidos preparados não ouviram nada mais do que o silêncio..................................... minha boca entre aberta estava pronta para repetir a pergunta, meu olhar mudava de figura em uma tentativa de encarnar um outro papel, talvez eu devesse sair do papel de garotinha curiosa para o de mulher insegura....contudo, minha mente que também estava alerta, conseguiu pescar a resposta....
Sim, o silêncio foi minha resposta. O silêncio, que não pode ser restringido por nenhuma palavra e nem é coibido por estúpidas ações, me explicou tudo....
Arrethon... é o silêncio da alma, assim como o preto é mistura de todas as cores o silêncio foi a união de todas palavras e atos que nós dois realizávamos. O arrethon foi o protagonista de nossa vulgar cena.
Tudo estava claro e tudo estava acabado. Eu então fechei meus lábios, fechei meus olhos e virei o rosto.
As cortinas então se fecharam....