domingo, 2 de março de 2014

Amor amôniaco

Um dia desses li que o amor e ódio estimulam as mesmas áreas do cérebro. Isso me parece aquele papo de diretora de colégio tentando fazer os alunos pararem de brigar, mas talvez seja verdade.

Lembre-se daquela pessoa que te mostrou como você ainda não conhecia absolutamente nada de sofrimento. Aquela pessoa que te deu um soco no estômago tão forte que a dor ecoou por meses dentro de você e que depois ainda deixou um hematoma para que você não esquecesse assim tão fácil... E apesar disso tudo você ainda teve que fazer das tripas coração para deixar de ama-la. Lembre-se das noites em que você dormiu sufocando o choro e rezando para esquecer tudo aquilo.

Aposto que um sentimento ruim tomou conta do seu corpo... uma massa se formou em sua garganta e respirar se tornou incomodo. Seus olhos estão úmidos? Se não estiverem lembre mais um pouco dessa pessoa...lembre de como quase tudo era uma mentira de como no ela foi um capítulo da sua vida enquanto você se resumiu a apenas uma virgula da dela.

Respire fundo e sinta o ódio que ainda existe dentro de você...deixe que ele escorra como o pus de uma ferida cutucada. Esse sentimento que jorra dos seus poros é o amor que azedou. Todo o esforço que você fez não foi inútil, mas não foi o suficiente.

A amônia é um gás muito perigoso, mas no estado liquido é ainda mais temível. Para se transformar a amônia em gás é preciso uma quantidade de energia enorme, mas mesmo assim, sobre certas condições volta a ser um liquido que queima e corroí tudo aquilo que toca. O amor frustrado, meus caros, é como a amônia, apesar de toda a força para reprimi-lo ele ainda pode voltar ainda mais venenoso e queimar a você, a ele, a ela e a todos.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Torna-te aquilo que és

Hoje é uma manhã chuvosa e sutilmente fria, daquelas feitas para se subir ao sótão e abrir caixas empoeiradas. Onde estou não tenho sótão ou caixas, mas tenho o relato de minha fuga... Eu fugi, corri, cai, engatinhei, levantei, saltei e cheguei.

Hoje me disseram, "seu caminho sempre foi óbvio, você que não percebia.", talvez ele esteja certo, talvez a gente passe nossa vida toda na linha de chegada e o tortuoso percurso que fazemos seja apenas fruto de uma mente entediada. Olhe para as pessoas a sua volta, quantas delas, no fundo, estão no mesmo lugar em que sempre estiveram?

Somos como um molho de tomate, no começo somos aguado e o sabor ainda não está claro, mas a medida em que o tempo passa e o calor atua, apuramos e o verdadeiro espirito do molho se torna gritante. Alguns tolos podem dizer, "puxa, quem diria que aqueles tomates se tornariam um molho assim?", eles não viram, não sentiram e agora foram pegos de surpresa.

Não me chamem de simplista, sempre é possível jogar mais pimenta, mais sal ou funghi e isso vai mudar o sabor do molho, sem dúvida. Contudo, a real essência do molho nunca irá se transformar. Um molho branco pode se tornar rosé, mas nunca será um molho de tomate. Somos quem podemos ser.

Nietzsche disse, "Torna-te aquilo que és", nunca deixamos de ser quem somos, mas as vezes não apuramos por completo e nos tornamos uma versão pasteurizada de nós mesmos. Assumo que sermos nós em toda nossa essência, é tão perigoso que chega a ser um crime.Contudo, assuma que sermos uma versão pasteurizada de nós mesmos é tão tedioso que chega a ser um crime hediondo. De qualquer jeito, somos criminosos, então eu escolho Srta Rosa, com candelabro na sala de música e continuo minha fuga.