domingo, 4 de outubro de 2009

Poderia

Estamos presos a uma realidade na qual podemos fazer mudanças, mas não troca-la. A água pode virar gelo, mas nunca se tornará mármore. Quantas pessoas não terão enlouquecido por poderem fazer suas escolhas, mas não poderem escolher o que querem?

O que me resta nesse momento se não esquecer e tomar um chá para melhorar minha dor de garganta?

Eu poderia mudar de vida, mudar de país, mudar de sonho, falar mais baixo, me tornar menos agitada, fazer super mercado e lavar a louça. Mas, eu não posso.

A verdade é que a nós restam somente escolhas menores e pseudos-conformações. Não sei bem certo porque, mas sei que essa é mais uma das minhas pseudos-confirmações.

Eu poderia fazer melhor, isto tudo poderia ser melhor, eu poderia fazer tudo diferente, mas eu não posso.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Entressafras

Mais uma vez ela estava sozinha. A garota que dividia o quarto com ela havia se mudado, mas permanecia no ar uma promessa de que outra chegaria em breve. O homem com quem ela dividia seus dias havia se mudado, mas permanecia no ar uma promessa de que outro chegaria em breve.
Mais uma vez ela estava insegura. Não sabia se gostaria de dividir seu quarto mais uma vez, já estava acostumada a tê-lo só para ela. Não sabia se gostaria de dividir seus dias mais uma vez, já estava acostumada a faze-lo com ele.
Ela havia se acostumado com uma rotina que havia, em tão pouco tempo, sido tragada pelo tempo e por mais que uma parte de si ansiasse para que esse período de espera fosse rompido por um novo acontecimento, uma parte de si tentava se prender ao presente e ignorar o quão transitório ele o era.
Contudo, nada podia fazer. Não podia acelerar o tempo ou retarda-lo, a única coisa que estava a seu alcance era estar com si mesma e se preparar para o que seja lá que viesse. Por isso com um olhar perdido e um pulmão cheio de ar resolveu dormir.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Breve historia de amor

Ela caminhava pela rua fingindo uma segurança que não possuía, era seu primeiro dia em sua nova vida e ela não sabia bem o que fazer, mas não queria admitir. Sua cabeça estava erguida, mas seus olhos não sabiam para onde olhar. Quando chegou aquela enorme porta de vidro, retirou um papel amassado do bolso, olhou o código e o digitou no interfone. Nada aconteceu. Ela tentou de outro jeito e de outro... Mas a porta de vidro permanecia fechada, ela contemplava o que era dela por direito, mas que não sabia como alcançar.
Não conseguindo mais fingir aquela segurança toda, olhou para o lado e viu um charmoso homem entrando em um carro, ele a olhou rapidamente e entendeu seu problema, foi até ela e abriu a porta enquanto lhe explicava como usar o código, ela tentou agradecer, mas se perdeu em um idioma que ainda não dominava. Ele se afastou.
A porta já havia sido aberta muitas vezes, quando eles se re-encontraram Ele estava na cozinha comunal e ela passava pelo corredor, começaram a conversar. Ela não o associou ao rapaz que lhe havia aberto a porta, ele pensou que ela estava mais bonita. Conversa fácil, despedida rápida. Ele tinha que passar roupas e ela tinha que dormir.
Foi em um dia quente que se encontraram novamente. Ela estava na varanda olhando as estrelas, ele estava entediado:
"Quer um café?"
Ela aceitou e eles conversavam e olhavam as estrelas. Ele achava que ela era agradável, ela pensava que eles poderiam namorar, pensamentos interrompidos por uma exclamação:
"ESTRELA CADENTE!"
Ela desejou para namorar com ele, mas arrependida da leviandade de seu desejo, mudou para outro pedido. Ele não pediu nada.
Dias passaram, palavras foram trocadas... e lentamente eram preteridas a olhares e gestos. Ele a desejava, mas tinha medo de ser inconveniente. Ela o desejava, mas tinha medo de ser mal interpretada. Passeio a lugares românticos, sorvetes em forma de rosa e vinho, tudo parecia conspirar para aquele amor.
E finalmente, quando tudo parecia perfeito... uma ex namorada aparece e troca lugares românticos por encontros casuais, sorvetes em forma de rosa por cheiro de macarrão e vinho por Coca-Cola. E finalmente quando tudo parecia perdido.. ela vai embora.
Ela ficou com ciúmes, ela pensou em nunca mais olha-lo, mas relevou e quando o viu novamente, sorriu.
A estrela que não aceitou a troca do desejo, fez com que um namoro começasse, mas algo no modo como se olhavam fez com que eles apaixonassem. E quando ele estava cansado e a via, se sentia relaxado, e quando ela se sentia triste e o via, se sentia feliz. E quando se beijavam... Sentiam somente um ao outro. Juntos eles apagavam o mundo e se transformavam no mundo um do outro, separados eles procuravam no mundo a imagem do outro.
No rodopiar daquela valsa, eles se esqueceram que após abrir a porta ele foi embora. Lá estava ela, iniciada em uma nova vida, a porta estava finalmente aberta e por mais que nenhum dos dois quisesse, ele teve que ir embora.

sábado, 29 de agosto de 2009

Tantan tararararam tannntan

Corpos quentes, corpo jovem.... Risada fácil, conversa animada. Coquetel de água que pode pegar fogo, baste uma explosão....
Tímidos beijos de despedida... inexistentes beijos de saudação.... e portas abertas no meio da noite e trancadas de manhã... efeitos do Vulcão Glacial.
Meias verdades ou meias mentiras? Tudo se mescla em olhares incompreensíveis e desejos frustrados.
E nessa nossa adaptação de Tango... continuaremos a dançar....

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Festa no castelo

Risos eufóricos, risos inconsequentes. Corpos jovens, castelo velho, vinho apodrecido. Risadas sem sentido e desejos nos consumiam naquela tarde de verão. Já não estava tão quente, mas era insuportavelmente quente.
Corpos estimulados para que pudéssemos sentir a vida que pulsava ao nosso redor. Bolinhas subiam a nossas cabeças e o controle diminuía Tire uma foto para eternizar esse momento. Eternize um um momento perecível... Nossas vidas são perecíveis, mas não deixe nosso orgulho saber disso, afinal somos os filhos prediletos dos Deuses. Vamos lá... "Mais uma garrafa?".
Nossos risos foram levados pelo vento, a alegria foi pulsada para fora de nosso corpo... E o castelo velho, outrora forte e magnânimo, nos olhou com complacência

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Bons sonhos

E ali estava eu, sentada na sua frente. E ali estavam meus lábios, chamando pelos seus. E ali estavam meus olhos, tentando chamar atenção dos seus.
Não estávamos realmente próximos, mas eu podia ouvir seu corpo chamar pelo meu... mas, você não dizia nada... E aquele gritante silencio que deveria ter sido calado por um beijo se perpetuara pelos próximos dias?
O que posso fazer se o romantismo daquela noite não abrandou seu comportamento tão severo e cordial? O que posso fazer se a escuridão daquela rua não escondeu seus pudores? O que posso fazer se o modo como eu estava te olhando hoje a noite não te despertou desejo?
Estrelas cadentes, sorvetes em forma de rosa, vinho e minha inseguraça.. se nada disso funcionou até agora, eu deveria desistir?
Eu não posso te contar quanto te desejo...mas, posso te mostrar.... eu estava sentada na sua frente, meus lábios umedecidos estavam entre abertos e meus olhos te olhavam tão fixamente...
Mas então você disse, bons sonhos.... então está noite ficarei somente com meus bons sonhos...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Mentira e sinceridade

Escrevo para alguém que nunca lerá, mas talvez quem venha a ler creia levianamente que escrevo para ele.

Vamos levantar as cortinas de nossas vidas, fechar todas aqueles pontos que ficaram em aberto?
Naquele dia em que fui embora notei que lhe faltaram palavras, mas fui embora porque havia lhe sobrado sinceridade... Como eu queria ter sido iludida por você. Ser iludida por 15 dias seria tão melhor do que conviver com a solidão por 15 dias....
Eu estou indo embora e você está ficando... mas, antes disso eu já tinha te acompanhado até a porta... vou te contar um segredo, naquela noite eu não acreditei que fosse embora... eu tinha a esperança que você saísse daquele carro, que se dane o temporal, e corresse em minha direção, me pegasse no colo, eu ergueria minhas pernas para parecer que você me levantava mais alto, e enfim dissesse: " Eu sempre te quis.... e se te quis por tantos anos, te quero para sempre...", eu acreditaria nessa mentira e dormiria tão feliz!
Eu não entendo esse seu pudor com a mentira... porque se você não gosta de mim.... você mentiu para mim! Todos aqueles abraços, aqueles carinhos foram falsos... e se tudo aquilo foi mentira de que me serve a verdade? Viver uma mentira pode ser mais doce do que viver a realidade...mas, desde que ela seja completa.
Minta para mim na próxima vez? Mas, por favor nunca me deixe saber a verdade, pois assim transformarei em minha realidade a sua mentira

domingo, 28 de junho de 2009

Reflexos

Passei o dia tentando não roer minhas unhas, o esmalte descascado, as feridas no canto da unha provocavam minha fraca perseverança e assim sendo, muitas vezes fracassei e com um apetite voraz devorei-as.
Passei o dia tentando não pensar em você, mas o silêncio do meu telefone e as gritantes lembranças provocavam minha fraca perseverança e assim sendo, muitas vezes fracassei e com um apetite voraz devorei minhas lembrança.
Unhas roídas voltam a crescer, lembranças devoradas são digeridas e voltam a fazer parte de nossa carne. Com minhas memorias mais vivas do que nunca, foi difícil manter minha cabeça no presente
Se obrigada admitir a verdade, direi que pensei em você, mas não por sua causa. Você simplesmente me lembrou de mim mesma. Tomando conhecimento de um outro tomei conhecimento de quem sou, de quem sempre fui.
Nuvens não destroem estrelas, mas as escondem e sendo assim esse sumiço me faz pensar: sem ver meu reflexo no outro, ainda me verei? Qual a força da minha imagem sem reflexo?
Alguns se perguntam, "se uma árvores cai em uma floresta, mas não há nada ou ninguém para escutar, ela fará barulho?", eu pergunto, "se há uma forma, mas não há nada ou ninguém para contempla-la, ela será uma forma?".
Gostaria de fazer como a professora do colégio ensinou e concluir meu texto, responder minha pergunta, mas definitivamente eu não sei a resposta...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Triste alegria

Antes quando eu ficava triste expulsava a dor de mim em lágrimas e gritos. Antes quando o mundo me machucava eu me cortava, para que assim alguém pudesse ver minha fragilidade e me proteger. Antes enquanto meu mundo caia eu fechava os olhos para sentir a queda livre....
Antes, talvez eu fosse mais feliz em minha tristeza histérica do que sou hoje em minha felicidade contida. Hoje quando eu fico triste e meus olhos começam a se avermelhar e um grito faz minha garganta coçar, eu começo a dar uma falsa gargalhada e falar sobre o tempo. Hoje quando o mundo me machuca eu coloco uma blusa de manga comprida e esqueço das feridas. Hoje, enquanto meu mundo cai, eu respiro fundo, fico em silencio e tento pensar em outra coisa...Mas, isso não muda nada... antes eu vivia minha dor, hoje eu nego a existência de uma dor que cada vez mais me machuca.... quando isso vai parar?
Será que vou conseguir empurrar esse sofrimento para meu inconsciente por muito mais tempo? Mas, ai será que ele se tornará um trauma? Eu preciso para de fingir que esse mar é formado por pétalas de rosas... na verdade são espinhos... e as manchas vermelhas meu sangue..
Acho que era mais feliz quando vivia minha tristeza

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A vida está grávida

Eu passei no intercâmbio, meu destino é Milão. Sim, tudo está um mar de rosas, mas esse mar está tornando-se revolto...

Ultimamente tenho sido acordada por um café quente e amargo, ele desce pela minha garganta enquanto eu corro por uma quadra lotada.... as manhãs estão cada vez mais escuras e frias. Um vento gelado me causa um tremendo desconforto, outro gole de café e um gosto horrível toma conta da minha boca.
Ser quem sou, e somente isso, já não é o suficiente... eu preciso que o mundo a minha volta ganhe algum sentindo.... essas manhãs estão cada vez mais escuras e um desejo de gritar está ficando cada vez maior....
POR QUE VOCÊ NÃO FALA MAIS COMIGO?
POR QUE VOCÊ NÃO QUER QUE EU SAIBA DE VOCÊ?
VOCÊ AINDA SENTE MINHA FALTA?
VOCÊ AINDA SENTE MINHA FALTA?
SENTE?
Qual o sentido disso tudo? Por que acordar se depois vamos dormir? Por que amar se depois vamos chorar? Por que ir se, mais cedo ou mais tarde, voltaremos? A única coisa eterna são as fotos, quadros e flores de plástico... o resto caminha para a morte.
Amores imortais jazem em qualquer esquina, momentos eternos só são infinitos enquanto duram... a verdade é infinita enquanto dura... e nada dura para sempre. A vida está grávida da morte, a vida é apenas uma fase da morte...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Esperando....

Eu preciso respirar, mas o ar está muito denso... ela mal entra em meu corpo... é como se existisse alguma outra coisa dentro de mim que bloqueasse sua entrada.... o que pode ser?
Minha ansiedade está tomando conta de mim...Hoje sai o resultado do intercâmbio para Milão, os próximos 6 meses da minha vida serão definidos por isso... Contudo, se eu não respirar não terei mais seis meses de vida.
Por que ainda é tão difícil esperar... eu tenho feito isso minha vida toda e cada vez tenho mais dificuldade em fazê-lo. Acho que isso é culpa da minha curiosidade cada vez mais crescente. Eu quero o mundo e o quero agora! Quero entender tudo sobre tudo e assim beber o conhecimento como se estivesse perdida no deserto e finalmente encontrasse um Oásis... mas, se quer saber a verdade meu Oásis tem se mostrado uma ilusão atrás da outra. Acordar um belo dia e descobrir que tudo sempre foi uma mentira já se tornou um cliché nos meus dias.
Mas, agora enquanto espero esse resultado idiota sair fico pensando " e se eu tivesse caprichado mais na segunda analise critica do Marcão? Minha nota seria mais alta... e eu teria mais chances" ou "e se eu tivesse convencido o Jair a me dar 10 ao invés de 9? Se eu tivesse tentado teria conseguido... ", mas de que esses pensamentos me adiantam? Eles simplesmente me retêm nessa mesma angustia da espera... Quero só ver quando eu ficar gravida... 9 meses? eu não vou vou aguentar

domingo, 22 de março de 2009

Fiquei sabendo que querem que eu volte...
Chega de saudade? Você já nao aguenta ficar longe de mim?
Ah... se eu voltar você vai poder sorrir de novo? Vai me encher de beijinhos?
Se eu voltar trarei comigo o seu sorriso de volta?
Que gracinha meu amor!
Mas, por que você não substitui minha presença pela da melancolia?

domingo, 15 de março de 2009

Procura-se coragem

De repente paro e olho a minha volta. Que lugar é esse? Como vim parar aqui? É um lugar agradável... mas é o meu lugar? Este é meu tempo? Este é meu espaço?
Seguindo borboletas vim parar aqui... caminhei motivada pelo silêncio e pela inercia e quando um som distante quebrou o encanto das borboletas não pude deixar de pensar "é aqui que quero ficar?" Eu tenho procurado coisas em lugares em que elas não estarão.... talvez seja a hora de mudar.
Eu nunca fui boa em física, mas sei que para mudar de direção é preciso parar. Isso é óbvio, para começar é preciso terminar... mas como será que eu reagirei ao limbo? Tenho medo do que posso encontrar durante essa parada... será que eu tenho coragem?
Você teria coragem?

quinta-feira, 12 de março de 2009

Há quem diga....

Há quem diga que quando chove é melhor correr para um lugar coberto.
Eu digo que quando chove é melhor abrir os braços e sentir as gotas geladas brincando na pele.
Há quem diga que quem grita faz mais barulho.
Eu digo que quem faz silêncio pode fazer muito mais barulho.
Há quem diga que a noite é uma criança.
Eu digo que a noite é o parquinho das crianças.
Há quem diga que está confuso.
Eu digo que sou confusa.
Há quem ache que goste de mim.
Eu acho que de todos eles.
Há quem diga minta para si mesmo e para os outros.
Eu digo historinhas para mim mesma antes de dormir.
Há quem diga que vê as mesmas coisas que eu.
Eu digo que não sei a diferença entre o que vejo e o que sinto.
Há quem diga que todos os erros do mundo são meus.
Eu digo que talvez seja por isso que eu choro tanto.
Há quem diga para eu não me preocupar com o futuro.
Eu digo que adoro sonhar com o futuro.
Há quem diga que eu sou muito incoerente.
Eu digo que é incoerente tentar me entender antes de entender a si próprio.
Há quem diga que eu deveria ficar calada.
Eu digo que é melhor todos ficarmos calados.














Mas, não leve tão a serio o que eu digo

terça-feira, 10 de março de 2009

Máquina do tempo

Tenho vivido em um mundo tão novo que não consigo deixar de pensar no passado....


Cheiros, gostos e músicas são importantes fontes de lembranças... basta abrir meu diário em um determinado dia que começo a sentir o cheiro do perfume dele, o gosto das batatas fritas que almoçamos naquele dia e ao fundo escuto aquela música que foi nossa jura de amor desiludido.
Eu penso como seria se o ontem fosse hoje... Será que nossas lágrimas estão além do tempo e do espaço? Será que teria sido tudo igual? Eu não acho que daria certo se voltássemos no tempo, mas acho deveríamos levar o passado para o futuro.
Ah, vamos deixar disso.... eu sei que sou uma boba e que você nem pensa mais em mim... mas será que ainda se lembra do gosto daquelas batatinhas fritas?
Eu sou tão boba que poderia dar mais pistas sobre quem é você, mas tenho medo, esperança na verdade, que você ainda leia meu blog e sinta superior a mim... acho que nenhum de nós nunca dará o braço a torcer não é mesmo?

Nossa tragicomédia... eu ainda não quero dar o braço a torcer... Nós ainda somos iguais...
Meu mundo é completamente novo, meus sorrisos são novos, meus medos tem cheiro de carro novo, mas assim como ainda tenho meu uniforme guardado na mesma prateleira do armário, ainda tenho velhos hábitos... eles não são ruins, mas também não são bons... eles são simplesmente velhos hábitos.
Eu já disse que sou a rainha da sucata e que me refaço com pedaços velhos de mim mesma.... e acho que meus antigos amores são pedaços que apodreceram, mas que assim como meu uniforme ainda ocupa espaço no armário, meus antigos amores ainda ocupam espaço no meu coração.
A questão, ou grande parte da questão, é que não consigo me desfazer da minha calça de moleton do Dante, e nem usa-la como pijama. Ela se tornou sagrada e empoeirada, ela representa o passado, ela é a cicatriz escondida, ela é o beijo escondido, ela é o que restou de todo aquele incêndio.


Tenho que admitir... enquanto escrevo estou chorando, mas essas lágrimas são novas? Ou elas são somente algo que esqueci no bolso da minha calça do Dante?

No fundo, eu só sou uma boba....

Mari Balança

No momento tenho tantos sonhos...
No momento tenho tantos planos...
É tanta coisa maravilhosa acontecendo ao mesmo tempo, que escrever sobre esse período é impossível. Neste momento, e assim como no anterior e no próximo, caminho pela ténue linha que me separa dos meus sonhos... Quase sem fôlego tenho aguardado uma resposta...mas, como disse o poeta: "que tem um sonho não dança" e acreditem, eu vou seguir meu desejo de star....fantasiando em segredo o ponto em que quero, e vou, chegar

domingo, 1 de março de 2009

19 anos

Sou a rainha da sucata.
Com minhas velhas manias, com meus hábitos ultrapassados e minhas expressões arcaicas eu me reinvento.
Com o velho ergo o novo... E assim como em um espiral minha vida, sempre, continua......

19 anos!

(25/2)

Fim e o filme

Ela arrumou seus longos cabelos ruivos em uma trança. Ela arrumou seus seios no decote da blusa. Ela arrumou coragem e ligou para ele. Seu coração estava batendo muito rápido, era a primeira vez em anos que ligava para um garoto, suas mãos, com unhas roídas, tremiam e suavam frio.
- Alô? Rodrigo? Sou eu...Sabe quem é?
- Lógico! Cláudia! Tudo bem?
Ufa! A pior parte já havia passado, agora ela só precisava voltar a respirar e tudo ficaria bem.

Seu namoro havia acabado há 3 semanas, seu luto havia acabado a 2 semanas. Agora ela se deparava com o medo de voltar a ser solteira, há 2 anos ela se escondia no ato de namorar. Por ter um namorado ela não precisava esperar alguém ligar, por ter um namorado ela não ficava sábado a noite em casa, por ter um namorado ela sempre tinha alguém para ir ao cinema, por ter namorado ela sempre tinha com quem desabafar e por ter namorado ela não precisava encarar o mundo sozinha....

-Tudo bem! E você?
- Tudo ótimo!

Na última vez em que foram ao cinema juntos, Cláudia e Paulo viram que estreitaria um novo filme do Woody Allen , entre beijos combinaram de assistir assim que possível. Mas, pouco depois lágrimas apagaram todas as promessas.
Agora com a possibilidade de ir ao cinema com outro garoto e com a possibilidade desse garoto não querer ir ao cinema com ela seu estômago se embrulhava, sua garganta secava, mas sua boca ainda sim conseguiu balbuciar:

- Eu vi que vai estreou um filme do Woody Allen, me falaram que é o máximo....- pausa para tentar respirar-..... sei-la...quem sabe a gente poderia ir, que você acha?

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Vasos e namoros

Uma vez quando eu era criança fui abrir o armário da minha mãe para pegar um colar dela. Tinha que fazê-lo rápido porque minha mãe chegaria a qualquer momento e ela não podia saber que eu usava as jóias da minha bisavó para brincar de teatrinho no meu quarto.
Teria tudo sido perfeito se o colar não estivesse tão alto e se não estivesse com tanta pressa.. o colar se enroscou num vasinho que caiu... vários cacos se espalharam pelo chão.... e várias lágrimas se espalharam pelo meu rosto.
Eu não chorei porque minha mãe descobriria o que eu estava fazendo, mas porque naquela época eu achava que os objetos podiam ter sentimentos... e aquele vasinho era tão simpático, eu não queria fazê-lo mal! Quando minha mãe chegou eu fui chorando contar para ela... que disse que não tinha problema algum e que eu não precisava chorar daquela forma, mas então eu disse:
- Mamãe, a gente não pode colar?
- Não Marianna! Vaso colado da azar.

Hoje, anos depois, eu me pergunto, se vaso colado dá azar um relacionamento colado teria a mesma sina? Será que podemos colar os caquinhos depois de uma briga feia ou isso será tão inútil quanto teria sido colar os pedacinhos daquele vaso?
Eu não estou falando de fingir que nada aconteceu, não é como se eu quisesse fazer uma pilha com os cacos e jogar uma rosa em cima, mas será que com muito trabalho para remontar o relacionamento ele não pode voltar a ser como antes?
Ou será que não ter um vaso para colar uma rosa colombiana não fará muita diferença porque eu não terei alguém para me dar uma? O inverno chegou mais cedo esse ano e por isso as sementes do meu jardim não irão germinar.... será que a únicas flores que terei serão as de plástico?




OBS: POR QUE MINHA MÃE TINHA UM VASO NO ARMÁRIO?

sábado, 7 de fevereiro de 2009

É isso ai...

É tão difícil de falar sobre isso....mas, não foi tão difícil de passar por isso, nossos atos pareciam ensaiados, nosso desastre não foi um touché , mas sim um cliche.
Nós que antes éramos raio de Sol, tornamo-nos onda quebrada, mas foi assim que evoluímos... se não tivéssemos destruído tudo, não teríamos construído nada, mas acho que ainda sim teríamos dado risadas em noites frias de sábado.
Nós que já fomos a última estrofe do romantismo viramos poesia sem rima... viramos paixão sem taquicardia. Mas, isso não deve nos entristecer... afinal, se Rei Sol se apagou, se até mesmo Roma virou poeira por que achamos que nosso amor não teria o mesmo final? Ilusão ou prepotência? Acho que a nossa prepotencia permitiu que nos iludissemos.
E como foi quando descobrimos que nosso amor havia se tornada uma estátua de sal? Aprendemos a lição com mulher de Ló, então saímos sem olhar para trás...
Curiosamente, as cortinas ainda não se fecharam... será que algo mais está para acontecer? Será que mesmo parecendo impossível, amanhã será um novo dia?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Aplausos

Eu queria saber.... eu queria muito saber a resposta.
Olhei em forma de olhar para tentar induzi-lo a falar. Deixei meu lábios entreabertos para que ele se lembrasse de falar e acima de tudo coloquei meu cabelo atrás da orelha para que não houvesse nenhuma barreira entre meu ouvido e as palavras que ele proferiria.
Lá estava eu pronta para saber e pronta para ouvir, mas lá estava ele, pronto para responder mas não para falar.
Meus ouvidos preparados não ouviram nada mais do que o silêncio..................................... minha boca entre aberta estava pronta para repetir a pergunta, meu olhar mudava de figura em uma tentativa de encarnar um outro papel, talvez eu devesse sair do papel de garotinha curiosa para o de mulher insegura....contudo, minha mente que também estava alerta, conseguiu pescar a resposta....
Sim, o silêncio foi minha resposta. O silêncio, que não pode ser restringido por nenhuma palavra e nem é coibido por estúpidas ações, me explicou tudo....
Arrethon... é o silêncio da alma, assim como o preto é mistura de todas as cores o silêncio foi a união de todas palavras e atos que nós dois realizávamos. O arrethon foi o protagonista de nossa vulgar cena.
Tudo estava claro e tudo estava acabado. Eu então fechei meus lábios, fechei meus olhos e virei o rosto.
As cortinas então se fecharam....

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Viajando

Malas e unhas feitas
destino Nova York...
destino?
como assim?
ah.... o taxi chegou

domingo, 11 de janeiro de 2009

Pedindo desculpas....

Como faço para me achar?
Eu não sei em que lugar fui parar... me procuro com insistência, mas só consigo achar pedras e galhos. Meus destroços em que lugar foram parar?
Sei-la... não sei o que aconteceu, mas de repente meus sentimentos se confundiram, raiva, amor, desejo, ciumes e dor. É como se uma correnteza forte demais me prendesse e eu não conseguisse me libertar, todos os meus pedaços são atirados em direções opostas e um véu negro me impede de ver em que lugar eles estão para depois tentar procura-los....
Eu odeio brigar com as pessoas.... mas como posso estar em paz com elas se dentro de mim há uma tormenta? O que está acontecendo comigo? É como se o veludo tivesse se tornado áspero e as lágrimas secas....
Tenho tantas dores e amores dentro de mim que eles se misturam em uma confusão quase tão grande quanto a da minha gaveta. É como se eu enxergasse o mundo através de um espelho d' água, mas uma pedra foi atira e a imagem se tornou confusa.
Eu estou tão confusa...






Me desculpa ter brigado com você?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Carrasco e Vítima

Esses dias caminhava por um corredor muito comprido e escuro. Caminhava cantarolando uma música qualquer e respirando, foi então que de relance vi o meu pior inimigo, foi então que de relance eu vi um espelho.
Sou minha maior carrasca e minha maior vitima. Minhas lágrimas são derramadas por mim e secadas por mim mesma.
Por que dentre todas as ações que poderíamos fazer, dentre todas as palavras que poderíamos proferir sempre escolhemos aquelas que hão de causar a maior dor? Navegar é preciso, e alguém precisa criar um mar.
Ah...se sempre jogamos tudo fora por que lutamos tanta para conseguir? Sonhamos e sofremos para vencer, mas depois fazemos questão de perder. Tornamos e jogamos nossa sorte pelo chão e então enfurecidos, sem conseguir enxergar, culpamos Fortuna. Não é possível.... como é possível que tenhamos um comportamento tão labiríntico?
O que mais resta? Por quanto tempo mais isso restará? O homem é capaz de morrer por uma utopia, mas se não morre e consegue realiza-la mais dia menos dia ira mata-la.
Qual seria a graça em construir castelos de areia se depois não pudéssemos destrui-lo? Será que quase nos matamos para ficarmos mais fortes para um possível ataque futuro? Não... acho que a mente do ser humano é incapaz de ir tão longe.
Devemos cortar o mal pela raiz? Devemos tentar para com isso? Ou devemos tomar um café quente e falar sobre a nevasca em Nova York?
Cortar o mal pela raiz é muito paradoxal nesse caso, afinal para cortar o mal pela raiz devemos nos destruir, mas se nos destruirmos estaremos fazendo mal a nós mesmo....
Para que tentar parar com isso? Para que mentir? Ainda não é primeiro de abril....
Eu não gosto de café, mas as vezes tomo. É preciso acordar é preciso continuar, afinal quem não perde não ganha.....

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Retrospectiva

E um ano se passou....
O que e ganhei esse ano? Um universo novinho! Amigas divertidas, festas de faculdade, amigos engraçados, notas altas, namorados e tantas coisas mais....
2008 foi um bom ano... vou sentir falta desse ano divido em 3.
O começo ainda tinha os vestígios do final de 2007.... tristeza, lágrimas e solidão... mas então as coisas começaram a mudar, afinal eu tinha um desafio pela frente.
Concentrei todas minhas energias no vestibular, estudava 10 horas por dia e ainda arranjei tempo para terminar um namoro, me apaixonar por outro cara, desapaixonar, apaixonar por outro e começar outro namoro e assim aprendi a falar "Shalom manishma? Tipesh!". Na realidade eu estava exausta, a pressão psicológica era homérica e o medo caminhava de mãos dadas comigo.
Passei na ESPM em 25 lugar! Feliz e saltitante fui para a faculdade! Que mundo maravilhoso! Eu adoro as aulas, adoro fazer os trabalhos adoro caminhar por aqueles corredores e sentar-me em uma salinha de estudos com a sensação de que é impossível entregar o trabalho a tempo! Terminei meu namoro e comecei outro. Fui a festas, fiz provas e amigas, dancei com a bateria, mas não comecei a gostar de cerveja.
Aprendi o que é um briefing e assim aumentei meu repertório. Aprendi que a vida é frágil e a morte nem sempre avisa antes de chegar. Aprendi que todos nós temos um pouco de phoenix. Mesmo com meu mundo desmoronado eu consegui ajeitar as coisas....assim caminha a humanidade!
Que venha 2009

Eu nunca saberei

Penetrei em uma dor que não é minha, chorei lágrimas de outras pessoas e agora usufruindo dessa energia escrevo.
Lendo os textos de uma mãe que perdeu a filha a pouco mais de um mês consigo entender algumas coisas, mas outras que eu achava que entendia se perdem ainda mais da minha percepção. Esse meu texto não fala de morte, mas do amor.
Como é conversar com algúem que não responde? Eu falo e escuto o silêncio. Será que a pessoa para qual destinei minhas preces e palavras não me escuta? Será que ela não pode me responder? Será que ela ainda é ela?
O ano mudou, mas tudo permanece igual, as dores e os amores do ano passado são o fundo da nova tela que temos que pintar. Mesmo sabendo disso quando eu olho nos olhos de alguém, que assim que viu e sentiu tanta dor quanto eu, penso: "O que aconteceu com você? Por que você finge que nada aconteceu?", mas então me dou conta de que estou fingindo a mesma coisa....
Ou será que já não é fingimento? Será que já seguimos em frente?
Essa dor, que antes me parecia insuportável já não é mais minha e para senti-la preciso entrar em contato com as lágrimas de outros... Isso não significa que eu não tenha uma cicatriz, porque eu tenho
Sendo franca, eu não sei o que isso significa