domingo, 23 de fevereiro de 2014

Torna-te aquilo que és

Hoje é uma manhã chuvosa e sutilmente fria, daquelas feitas para se subir ao sótão e abrir caixas empoeiradas. Onde estou não tenho sótão ou caixas, mas tenho o relato de minha fuga... Eu fugi, corri, cai, engatinhei, levantei, saltei e cheguei.

Hoje me disseram, "seu caminho sempre foi óbvio, você que não percebia.", talvez ele esteja certo, talvez a gente passe nossa vida toda na linha de chegada e o tortuoso percurso que fazemos seja apenas fruto de uma mente entediada. Olhe para as pessoas a sua volta, quantas delas, no fundo, estão no mesmo lugar em que sempre estiveram?

Somos como um molho de tomate, no começo somos aguado e o sabor ainda não está claro, mas a medida em que o tempo passa e o calor atua, apuramos e o verdadeiro espirito do molho se torna gritante. Alguns tolos podem dizer, "puxa, quem diria que aqueles tomates se tornariam um molho assim?", eles não viram, não sentiram e agora foram pegos de surpresa.

Não me chamem de simplista, sempre é possível jogar mais pimenta, mais sal ou funghi e isso vai mudar o sabor do molho, sem dúvida. Contudo, a real essência do molho nunca irá se transformar. Um molho branco pode se tornar rosé, mas nunca será um molho de tomate. Somos quem podemos ser.

Nietzsche disse, "Torna-te aquilo que és", nunca deixamos de ser quem somos, mas as vezes não apuramos por completo e nos tornamos uma versão pasteurizada de nós mesmos. Assumo que sermos nós em toda nossa essência, é tão perigoso que chega a ser um crime.Contudo, assuma que sermos uma versão pasteurizada de nós mesmos é tão tedioso que chega a ser um crime hediondo. De qualquer jeito, somos criminosos, então eu escolho Srta Rosa, com candelabro na sala de música e continuo minha fuga.

Nenhum comentário: