sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sempre me levando

E eu vou caminhando contra a vento...as vezes sem lenço, as vezes sem documento e as vezes sem lenço nem documento, mas nunca sem eu mesma.
Por mais complexa que eu seja sempre estou inteira em minhas ações. O eco das vozes do passado, aquelas antes me saudavam de manhã, ainda estão presentes em meu cotidiano, porém hoje elas se misturam com o som do vento. A risada que dei em uma tarde fria de sexta feira está presente em meu ranger de dentes. Os cortes que comentários cruéis fizeram em minha alma e pele fortalecem minha armadura....
Tudo que chega se vai... mas não se vai totalmente....a vida é uma tela em branco. Alguns de nós são Miró, outros Tarsila do Amaral ou Caravaggio, cada um com seu estilo, mas todos com telas coloridas e rasbicadas. A tela rabiscada nunca sai de exposição e é julgada pelos mais cruéis críticos, mas assim como não se pode apagar o desenho feito com lápis colorido é impossível mudar a tela.
Já disseram que a vida é uma peça que não permite ensaios.... mas ela é um grande ensaio para sí própria. O passado é um ensaio para o futuro...
Para o grande ensaio de amanhã levaremos o que foi ensaiado hoje. Para a grande exposição de amanhã levaremos os rabiscos de hoje. Para as manhãs do amanhã eu levo as vozes do passado. Mesmo que eu esqueça meu lenço, meu documento e toda a minha bolsa eu nunca esquecerei de mim mesma e não esquecendo de mim não esquecerei do que me precede - o que me precede não é menos eu do que eu sou agora.

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